No teu poema Existe um verso em branco e sem medida Um corpo que respira, um céu aberto Janela debruçada para a vida No teu poema existe a dor calada lá no fundo O passo da coragem em casa escura E, aberta, uma varanda para o mundo. Existe a noite O riso e a voz refeita à luz do dia A festa da senhora da agonia E o cansaço Do corpo que adormece em cama fria. Existe um rio A sina de quem nasce fraco ou forte O risco, a raiva e a luta de quem cai Ou que resiste Que vence ou adormece antes da morte. No teu poema Existe o grito e o eco da metralha A dor que sei de cor mas não recito E os sonhos inquietos de quem falha. No teu poema Existe um cantochão alentejano A rua e o pregão de uma varina E um barco assoprado a todo o pano Existe um rio A sina de quem nasce fraco ou forte O risco, a raiva e a luta de quem cai Ou que resiste Que vence ou adormece antes da morte. No teu poema Existe a esperança acesa atrás do muro Existe tudo o mais que ainda escapa E um verso em branco à espera de futuro.
Benvinda, saudosa blogónima! Mesmo que a esperança esmoreça, o futuro é sempre um verso em branco, e isso dá alento para continuar a respirar. Beijinhos!
Não conhecia o poema, mas simplesmente delicioso. um traçar de linhas que nos separa do limite que impomos a nós mesmos o lugar onde ansiamos chegar :) beijinho***
Anos 70?... Pois eu pertenço á geração gap de fins de 80 :p gosto de musica portuguesa e ate costumo ver o festival da canção, mas isto desconhecia! já vi o que perdi! bom som, boa escolha :D bjinhos***
Importa esclarecer, para não acharem que eu sou uma cota, também nasci uns anos depois disto. =) Mas lembro-me da TV a preto e branco... Sempre gostei muito dos 'clássicos' da música ligeira portuguesa, há poemas lindíssimos com melodias geniais, este é um deles. Bjinhos! =***
Eu tenho 33 anos. Há dez que ouvi pela primeira vez este poema interpretado por Simone de Oliveira. Também conheço a primeira interpretação, esta por Carlos do Carmo. Este poema é como um mantra para mim desde então.