Já pensaram que o arrojo, o ser-se destemido, pode ser uma consequência directa da auto-confiança? Arriscar na medida em que se sabe o que se vale, ou a timidez e inércia como causa do receio de arriscar?
Quem, sabendo a chave do euromilhões, se absteria de jogar?
Eu não sei a chave, mas sei que hoje é dia de correr riscos, de perguntar "porque não?". É que hoje estou viva, amanhã não sei se estarei. E não posso adiar a felicidade, ou pelo menos a procura dela.
Não me perguntem se acredito na astrologia… Não sei responder com objectividade. Acredito, porque é um facto cientificamente comprovado, que os astros têm uma influência sobre os organismos vivos e sobre fenómenos físicos do planeta em que habitamos. E a partir daí, até onde se estenderá essa influência?... Ninguém sabe. Acredito porém que o pragmático ser humano tem uma tendência grande a rejeitar tudo o que não consegue explicar. E considero que seja uma tremenda arrogância de nossa parte achar que já desvendámos tudo o que havia por desvendar, sem guardar uma espaçosa margem para o desconhecido. Provavelmente o desconhecido ocupará mesmo dimensões de grandeza nada marginal mas antes avassaladoramente mais profundas que o que racionalmente conseguimos entender.
Posto isto, é com algum cepticismo e grande abertura de espírito que vou passando os olhos por previsões astrológicas. Hoje li mais uma daquelas que me surpreendem com o pensamento “podia ter sido escrito só para mim”. Deixo o excerto da Vera Xavier, retirado da secção astral do sapo:
“Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura. E voa. Voar é muito importante, tão ou mais importante que viver, que comer, pelo menos para Fernão, uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito. E verdade, que é raro pensar diferentemente do resto do bando, passar dias inteiros só voando, só aprendendo a voar, longe do comum dos mortais, estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações. Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o incognoscível. Afinal uma gaivota que se preze tem de sentir o brilho das estrelas, dissecar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis. Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Haverá sempre o que aprender. Sempre.
Olhar de frente, alcançar a perfeição, gostar muito, muitíssimo, do que se faz, eis o segredo de Fernão Capelo Gaivota.
Lá porque existem gaivotas que não pensam os mesmos pensamentos, que não discorrem o mesmo raciocínio, não é problema para Fernão. Mesmo sendo apenas um num milhão, mesmo tendo de percorrer um caminho quase infinito, Fernão sabe que na vida há algo mais do que comer, ter status, ser amado ou criticado: viver é lutar. Uma, cem, mil vidas, dez mil! Até chegar à perfeição, à vitória da eterna aprendizagem, porque nenhum número é limite.
A ninguém é permitido deixar de aprender e querer mais!
Passa o tempo, passam os lugares, passam ou não passam os semelhantes, Fernão Capelo Gaivota vai em frente, voa, aprende, treina, paira sobre o comum do comum viver. O destino é o infinito, o caminho é lá nas alturas! Tudo espontâneo, natural, pois quem se ilumina cumpre a missão da luz, que vale para si e para todas as criaturas. A grande maravilha do amor é o seu profundo contágio. O que vale para Fernão valerá para todas as gaivotas.
O sentimento é o santuário e a sua paz reflecte e flúi incessante. A fé testemunhada no esforço evolutivo é a bênção de dádivas de amor. Ela aclara e edifica e melhorando-se, melhora os que lhe percebem a trajectória.
Neste ano novo vamos voar! Voar bem alto, mesmo que o céu esteja repleto de abutres, vamos voar?”
Gente Arejada
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