Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

SHIUUUU

Esta idade que tenho, não a sinto. Não se me impõe, não me limita nem me pesa. Não é muita, nem é pouca e não me importa. Quase sempre sinto que sinto como quando era adolescente. Tudo em demasia, tudo muito intenso, muito forte, porque é tudo muito verdade e não gosto de rodeios. Não sei se pareço muito menos, mas sei que quando olho para trás vejo muitas coisas, muitos dias bem vividos, não lamento nada do que fiz. E quando olho para a frente vejo muito mais, porque me parece que comecei ainda agora, que o universo é imenso e está sequioso de esperar que o encontre. E vou partindo, ao seu encontro, ora pelas latitudes fora, ora por mim dentro. O saco das memórias é desarrumado, já se sabe, sem a ordem que se gostava de encontrar quando se desenrolam novelos. Não perdi nada do que tinha aos 15 anos, parece-me que só ganhei. Sendo sempre a mesma, mudei. Mas não mudei muito. Hoje consigo disfarçar melhor a timidez e de vez em quando já me vejo mulher, mas continuo a ser mais miúda. Continuo a gostar das mesmas coisas, não troquei os ténis por sapatos de salto, continuo a gostar muito de rir com a alma toda. Mas foi só com esta idade que reparei que já sofri como gente grande, e a seguir descobri que queria ter o mundo todo nas mãos e que as dores (mesmo as físicas) são irrelevantes. Foi com esta idade que tomei decisões adiadas e que arrisquei. Foi com esta idade que passei a viver sozinha e a ter tempo para desfrutar da minha companhia. Foi com esta idade que abri os olhos e vi com clareza o que pretendo para mim. Foi com esta idade, mais dia menos dia, que fiz uma directa da discoteca para o trabalho. Foi com esta idade que descobri que o Amor acontece, não se faz. Foi com esta idade que afirmei sem pudores as minhas prioridades e que comecei a colocá-las por ordem na minha vida. Com esta idade saltei de pára-quedas, escrevi mais e melhor do que nas outras idades todas somadas, com esta idade fui seduzida. E foi só com esta idade que aprendi a chorar, a não trancar tudo num cinzento nó na garganta, e parece-me que ando a compensar os anos em que não derramava uma lágrima. Com esta idade percebi que a ideia da solidão até ao fim é assustadora, mas que não troco a minha solidão por companhias ocas e superficiais. Foi só com esta idade que me vi adormecer nos braços de quem amo desde sempre e, por um instante, antes de ceder ao sono, achei que a vida era perfeita. 

publicado por Ventania às 06:06
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Quarta-feira, 24 de Junho de 2009

...

Antes vazio e parado que cheio de enganos e corrosivas ilusões.

'Tá estragado, não há sobresselente nem recauchutagem possível. Antes apeado que a derrapar nos óleos alheios.

 

 

publicado por Ventania às 03:09
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Domingo, 14 de Junho de 2009

esferográficas

Tenho um problema. Vários, na realidade. Mas vamos por partes.

Não sou grande coleccionadora. Sou mais uma acumuladora, de coisas particulares de que goste ou tenham algum interesse. Importa frisar que são poucos, muito poucos, os itens materiais que me suscitem este interesse. Algures umas notas de vinte escudos, algumas moedas, uns poucos de selos. Não lhes presto atenção, não os exibo, sequer os mantenho devidamente acondicionados. Daí que jamais me poderia considerar coleccionadora do que quer que fosse. Sempre nutri um fascínio grande, porém, por todo o tipo de artigos de escrita e desenho, tenho uma paixão assumida por papel, na sua virgindade múltipla de possibilidades, a promessa de poder conter o mundo, um retrato de alguém querido, um poema, anotações atentas floridas de termos científicos. Blocos, cadernos, quase como embriões de livros. Telas, pincéis, bisnagas de tintas, encerrando misteriosos devaneios pouco estudados e sempre improvisados. Lápis, sobretudo os de grafite escura e macia, mares de sombras, gradientes, vidas ondulantes a duas dimensões. Pelo que, não no sentido do coleccionismo do objecto, pristino e intacto na sua embalagem original, acolhido por pequenas vitrines ou álbuns, mas antes pela adoração do potencial que encerra e pelo gosto de manusear e tentar canalizar as energias que me povoam para a criação de alguma coisa, detenho um número considerável de, resumamos, lápis e esferográficas.

Os lápis são amigos fiéis, inutilizados apenas se quebrados ou finda a sua vida. Já as esferográficas, do alto da sua engenhosa mecânica, são manhosas. Ora podem rebentar nas mãos, ora cessam o seu fluxo, ora secam, ora nos deixam mal quando estávamos a contar com o seu desempenho inequívoco, a meio duma assinatura, um postal de aniversário, uma ideia fantástica… Deixam marcas mais profundas, são definitivas como as palavras ditas, que não podem voltar para trás. Nem corrector, nem borracha, nada faz recuperar a candura perdida do papel em branco, depois de ter sido profanado por uma esferográfica. São complicadas. Pouco versáteis. Têm tampas, ou molas, ou outras complicações acessórias. Em constante desafio, a provocar, a pedir que lhes pegue e as faça exsudar um rasto da sua essência.

E o que fazer com as esferográficas que se recusam a escrever? Este é o meu problema. Jazem ali umas quantas dezenas. Já tentei todos os métodos que o instinto dita; roçá-las com energia, enfurecendo-as, enfurecida, insistindo; Aguardando pacientemente que inclinadas mais para lá ou para cá a tinta se voluntarie para descer e escorregar por onde deve, por onde tem de ser, que não foi feita para outra coisa. As esferográficas foram feitas para escrever, ou para desenhar. Foram feitas para mim e para funcionarem sem sobressaltos. E eu gosto realmente delas, das grandes, das pequenas, pretas, azuis ou vermelhas. Sem preconceitos. A tal paixão pelos pequenos universos que concentram. Mas elas falham-me. E deixam assim de me ter utilidade, que belas nem tanto assim, não me consolam a estética. Para além de existirem mundo fora milhões de esferográficas, novas pelo menos para mim, perfeitamente funcionais e possivelmente mais afinadas, com melhor tom, correctas e respeitadoras. Prontas a cair nas minhas mãos e a permitir que faça delas instrumento, batuta, pauta. Pulsantes de vigor e ansiosas por dançar e rodopiar entre papéis frenéticos ou melancólicos. Mas estas, as que não tenho como minhas, não estão impedidas de entrar e me acharem. Pode acontecer não ter já espaço para elas, por estar ocupado com as outras, as casmurras, cheias de tinta que não querem dar. E sendo assim não procurarei novas esferográficas, seria uma busca condenada à partida. Que dilema! Valerá esperar que as canetas disfuncionais um dia se reinventem, curadas, que lhes agrade mais o tempo ou o espaço, a superfície ou o abstracto, e tornem a escrever? As palavras que dirão poderiam ser substituídas pelas palavras de outras, frescas, portentosas, imaturas? Que hoje estão mancas, não me servem de nada, estendem-se ao longo da sua complacente inércia a ocupar o meu espaço, o meu precioso e selectivo espaço. Mas por elas tenho a estima própria de quem se afeiçoa a uma presença e só aprende o quanto no dia em que aquela passa a ausência.

A isto se resume uma das minhas mais pertinentes questões do momento: devo deitar fora as esferográficas que não escrevem e libertar espaços nas gavetas, ou manter a fidelidade aos arrebatamentos e guardá-las, tentando talvez mais tarde o seu regresso?

 

 

Ah, e é claro, quem diz ‘esferográficas’ diz ‘pessoas’…

 

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publicado por Ventania às 02:10
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Segunda-feira, 30 de Março de 2009

Adrift

Errático, à deriva, deambulei. O sal e o céu por companhia, sem tempo nem azul. Numa manhã de verão, encostei-me a uma sombra. Cansado de naufragar, atraquei-me a um cais sereno. Ali sarei os golpes duma erosão lenta que me havia roubado o brilho. Embalado por promessas, serenatas ao luar. Esqueci as ondas que me davam vida. Diziam então que era belo e reluzente. E fiquei. Atracado, sempre ao mesmo sereno cais. Adormeci. Não me lembro de quando caí no sono, não lembro o cerrar de pálpebras. Sonhava, talvez. Quando acordei, perdido, tempestade! As amarras tinham sido cortadas, talvez corroídas pelo tempo! Assustado, quis fugir, não tinha para onde me virar! Trovoada, golpes no convés, quase me afoguei! Parei... Reconheci o instinto que me mantinha vivo, enchi os pulmões daquele áspero ar. Flutuei. Fiz remendos, trabalhei-me, recuperei-me. Reencontrei-me. É grande, o meu mar. Nenhum cais chega para mim. Sem procurar, encontrei o meu lugar. Sorri. Errático, à deriva. Sem amarras. Pertenço aqui. Mesmo que este lugar seja vazio, sem ti. Se um dia chegares, estarei aqui.

sinto-me: I belong here with you
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Sexta-feira, 27 de Março de 2009

tentar a sorte

Já pensaram que o arrojo, o ser-se destemido, pode ser uma consequência directa da auto-confiança? Arriscar na medida em que se sabe o que se vale, ou a timidez e inércia como causa do receio de arriscar?


Quem, sabendo a chave do euromilhões, se absteria de jogar?


Eu não sei a chave, mas sei que hoje é dia de correr riscos, de perguntar "porque não?". É que hoje estou viva, amanhã não sei se estarei. E não posso adiar a felicidade, ou pelo menos a procura dela.

sinto-me: kinda wild
publicado por Ventania às 20:06
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Quinta-feira, 26 de Março de 2009

e para ti, o que é a cenoura?

 


Esta é, com amor e carinho, para os companheiros de luta.

sinto-me: e o burro, quem é?
publicado por Ventania às 20:01
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

...

 

sinto-me: lost (in translation)
publicado por Ventania às 20:12
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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009

Sobre a auto-comiseração: recado para mim mesma e para quem mais o apanhar

Se há lição que tenho aprendido, das piores mas também das melhores maneiras, é esta, sumarizada numa única palavra: RELATIVIZAR.

Tudo na vida é relativo. O pessimismo crónico da maior parte das pessoas deve-se a uma vitimização-barra-necessidade-de-atenção. Porque razão há-de alguém desejar (ou mesmo necessitar) duma atenção vestida de dó? Ter pena?... Penas têm as aves, magnífico acaso da evolução. E falando em selecção natural, nem a propósito, não lembra a ninguém vingar na vida por ser mais coitadinho… Que cómoda desculpa para não ser nem querer ser mais. Não tens emprego, mas tens 2 braços! Não tens braços, mas tens uma família que te ama! Não tens família, mas tens emprego e um tecto! Não tens o que dar aos teus filhos para comer, mas podes ver o sorriso deles e abraçá-los.

Posso estar a ser cínica e fria (a meteorologia e a vida a isso convidam), mas escuta o que eu digo: relativizar! Quando pensas que estás na maior merda de todos os tempos, olha, mas olha bem em teu redor, com olhos de Ver. Podia sempre, sempre, ser pior. Pensas que tens problemas? Quantas almas não desfilam aí mesmo, sob o teu auto-comiserado nariz, com problemas bem mais graves? Agarra-te ao que tens de bom e multiplica-o por melhor, com gana, com força, com garra. Ninguém disse que ia ser um mar de rosas…

sinto-me: there's always a bright side
publicado por Ventania às 07:09
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2009

Procuro

 

Quem dance comigo no meio da rua.

Quem me beije à chuva.

Quem adivinhe quando preciso dum abraço.

Quem não precise de perguntar porquê.

Quem tenha orgulho em andar de mão dada comigo.

Quem me faça rir.

Quem escute realmente o que digo.

Quem não hesite em voar comigo sem destino.

Quem me faça sentir única e especial.

Quem não me sufoque senão com ternura.

Quem não me traga de volta à realidade quando sonho.

Quem me deseje.

Quem me diga sempre e só e toda a verdade.

Quem me aqueça quando tenho frio.

Quem me faça acreditar.



ou talvez não procure, porque encontrei quando menos procurava.

sinto-me: off
publicado por Ventania às 09:50
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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009

Como chamas àquele dia:


- em que olhas para o espelho e não reconheces quem vês?

- em que recordas quando pensavas ter tudo e percebes que tudo na vida é efémero?

- em que chegas à conclusão que aquele dia em que te faltou o chão era inevitável e foi um dos mais libertadores de sempre?

- em que recordar aquele primeiro beijo no comboio te leva às lágrimas?

- em que davas quase tudo para voltar 3 meses para trás no tempo?

- em que sentes que a tua saúde mental já teve melhores, mas também piores, dias?

- que devia ter sido o mais feliz da tua vida e sentiste apenas solidão?

- em que tiveste incontroláveis ataques de riso?

- em que percebes que a tua dor é idêntica à dor que criticas?

- em que sabes que a vida não é aqui mas daqui não arredas pé?

- em que as boas notícias foram más e as más notícias foram boas?

- em que olhaste nos olhos dum amigo e a dor da saudade se antecipou?

- em que te apeteceu acender o rastilho antes de sacudir a pólvora das mãos?

- em que o frio que sentes vem de dentro para fora?

 

Eu chamo-lhe ‘qualquer dia desta semana’. Ou TPM deslocada.

sinto-me: blue
publicado por Ventania às 21:42
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Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2009

Somehow

you got me thinking of you...

 

sinto-me: like blowin' your mind!
publicado por Ventania às 13:12
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Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2009

Novo Ano Novo

Em 2009 quero quase tudo novo 


Uma casa nova 

Um emprego novo

Um 2º emprego novo

Um namorado novo 

Um grau académico novo

Um Vários carimbos novos no passaporte

Saúde renovada para quem dela precisa

Os Amigos de sempre


(sem nenhuma ordem de prioridades ou cronológica)

 

Prometo que vou anunciando aqui à medida que for acontecendo, ou pelo menos deixando mensagens subliminares (nhahahaaaaaaaaaaah!).

 

    FELIZ ANO NOVO    

 

 

 

sinto-me: brand new
música: Simply Red - You make me feel brand new
publicado por Ventania às 00:01
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Terça-feira, 30 de Dezembro de 2008

Balanço

O meu ano correu francamente mal... Como se costuma dizer, quanto mais se sobe maior é a queda. Como boa cientista que sou, nada melhor que o belo do gráfico para ilustrar a situação (escalas e unidades omitidas por se tratar de parâmetros absolutamente subjectivos).


Pelo lado positivo, porque há SEMPRE um lado positivo... a tendência é de subida, só pode ser!

Aqui fica a previsão optimista e pouco realista para 2009:

 

 

 

sinto-me: optimistic
publicado por Ventania às 23:39
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Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Disk Cleanup

Hoje fiz limpezas de memória. Das memórias electrónicas de registos que noutra altura me pareceram dignos de recordação e, de caminho, limpei também o disco rígido craniano. Aproveitei para revisitar momentos, dar-lhes um último aceno de despedida. Reparei no quão mimada me tornei. (Mal) habituada a beijos matinais temperados com palavras melosas, a mimos salpicados erraticamente pelos dias. Foram dias felizes, quase todos. Não importa se um dia acabou sem nexo, importa que foi verdade até esse dia. Foi amor, foi paixão também. Era um rio de leito morno e terno, cada abraço transbordava doçura, aquela saudade que doía no peito… E nele naveguei erraticamente, deliciada, feliz. Talvez não tanto pela pessoa que me olhava como pela reciprocidade do olhar.

Recordei com carinho, nostalgia até. Encontrei um recanto de mim que anseia pelo reencontro de dois sorrisos de mãos dadas, sussurros ternos à luz da lua. Romântica, idealista, talvez apenas carente. E sim, penso em ti, que eu (até) gosto de ti.

Talvez seja este o sentimento que hoje não sei assumir: É bom ter um abraço para onde rumar, é bom beijar e ser beijada, é confortante (porém, insuficiente) a companhia, antídoto ideal quando a solidão se torna oca e faz ecoar o silêncio da tua própria vida.

Diz-me, se souberes, se é isto que procuras aqui. Se não souberes vai descobrir e regressa depois, que doutro modo terei que te explicar porque não posso voltar a ser uma construção holográfica de mim própria em enredo de conto de fadas (e convenhamos que assim se perde metade do encanto, materializando em verbos as verdades). Por principesco que sejas, e suspeito que o és, eu sou apenas eu, sem aspirações a ser princesa. Sou quem sou, nada fácil, por sinal (assim reza a lenda); trago comigo bagagem, mágoas e cicatrizes, memórias das que não se consegue apagar; trago comigo descobertas que puseram todo um fantástico mundo a nú e trataram de enxotá-lo para outra galáxia. Pior, trago horizontes amplos, distantes, ambições; Trago certezas do que quero e forças para lutar.

Come what may… Diz ao que vens e o que pretendes de mim. Não te atrevas reclamar passados e futuros, tampouco a alma que deixei escapar-se por aí. Mas serás bem-vindo se vieres por bem. Ousas passar esta porta, sem mapa nem bússola, sem rede de segurança, no turning back?

sinto-me: céptica
publicado por Ventania às 23:55
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Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2008

Oxalá que chova


Oxalá que chova

 

Para matar a sede 

 

Oxalá que chova 

 

Para acalmar os suores 

 

Oxalá que chova 

 

Para calar o grito 

 

Que teima em marcar o ritmo 

 

Dos pensamentos que se estrangulam 

 

Por sair da ponta deste lápis

 

Oxalá que amanhã

 

O dia me leve a outro lugar

publicado por Ventania às 04:18
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Terça-feira, 23 de Dezembro de 2008

Distraída

Na altura, tenho de confessar, caíram dois ou três mitos pelas escadas abaixo. Cliché à parte, pensava realmente que não havia já pessoas assim. Não nego que equacionei até um ou outro beijo escondido, mas apenas nos meandros da imaginação ensonada, que à altura tinha uma venda no coração e correntes de cimento no desejo. A empatia foi natural, permaneceu, que há coisas que o tempo e a distância não conseguem perturbar.

Tem-me vindo a surpreender, de mansinho, como quem pede licença com os nós dos dedos a acordar as vidraças. Singelo. Inesperado. Como um poema a meio da manhã, um mimo, uma delicadeza na abordagem… Doce e honesto, conheço-lhe o passado e os sonhos.

Cabeça de vento, distraída, às vezes esqueço-me de olhar em volta, por ter o olhar fixo na Lua. Outras vezes duvido mesmo da minha própria existência dentro do tornado que fiz minha casa, minha identidade.

Só para que saibas, finalmente reparei que estás aí. Só não sei onde estou eu.

sinto-me: demasiado aérea para meu bem
publicado por Ventania às 23:19
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Sábado, 29 de Novembro de 2008

Sobre as distâncias

O tamanho do mundo é o que vai entre o hoje e o amanhã. Porque de hoje para amanhã tudo pode acontecer, posso acordar a milhas daqui, posso até não acordar. De repente, um desconhecido que esvoaça numa tela distante, que só conheço de memória, pinta-me a lua com os dedos azuis. Subitamente, um poema a desfolhar em contra-luz. Um sorriso aberto que vibra e acorda aquele pedacinho esquecido. Daqui até ti.

 

publicado por Ventania às 07:07
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