Terça-feira, 14 de Julho de 2009

Out of reach

Esse sinal de interdição é para manter as distâncias? É para sublinhar quão inalcançável és (ou pretendes ser)?

Que sabes tu de mim ou da minha vida? Perdes tempo… Perdes-te em suposições, focas e desfocas as lentes das proximidades consoante o que queres retirar, sempre; nunca consoante o que queiras dar, porque não dás nada, só poeira. Não te iludas, eu não sou manipulável como os restantes. Quando chegas, já sei o que trazes nos bolsos. Não te fica bem dissimular, fingir que não trazes nada. Nem sequer tens muito jeito para disfarçar. Pensas que tens as respostas, contudo ostentas as perguntas, como que a fazer um teste de 9º ano. Não gosto de testes nem de jogos. Não me apetece dar ao trabalho de perceber o teu. Diz o que queres, se é que queres. Se não, desampara(-me, -nos) a loja. Os súbitos interesses, pausados em compassos ansiosos por revelações que não o são. Não gosto dessas artimanhas, gosto que as pessoas sejam directas e façam as perguntas que têm de forma objectiva.

Suspeito que de mim não queiras mais do que apaziguar a ordem do pódio. Relaxa, nunca gostei de medalhas, muito menos de protagonismos. Tenho aqui tudo o que preciso. Dispenso alimentar-me de bajulações a identidades imaginárias. O que tenho, é meu. Tenho-o guardado no peito, não preciso expor na vitrina para que todos vejam como é grande e belo e cheio de sacrifícios. O que tenho, pouco ou nada, é meu por inteiro, só meu, é verdadeiro e não sucumbe aos frívolos atentados. Não digo que me queiras mal. Só digo que já não acredito numa só versão da mesma estória. Ainda te quero bem. Mesmo conhecendo mais de ti e percebendo esses ardis.

A necessidade de atenção pode ser doentia. Compra muitos espelhos, ver-te-ás sempre no centro duma roda de gente fascinada por ti. Mas não me verás a mim, que eu, já te vi.

 

publicado por Ventania às 04:51
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Segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009

Sobre Cabras

Gosto de ser mulher, disso que ninguém duvide. Mas há características que são comuns à maior parte das mulheres que me desgostam profundamente com este nosso género. Algumas chegam a incomodar-me a níveis viscerais. Deixarei as restantes para outras ocasiões, falarei hoje apenas duma característica que é, tristemente, frequente nas fêmeas e que tenho por certo que em nada contribui para que o mundo seja mais sereno. Possivelmente existirão tantos homens como mulheres com este peculiar jeito de estar, mas destes últimos não conheço um, do universo de seres humanos cuja essência eu possa afirmar que conheça minimamente.

A que se deve tão comichoso incómodo? Pois bem, deve-se ao facto de as prateleiras não servirem para armazenar pessoas. Estas mulheres de que vos falo, tendo ou não problemas de auto-estima, guardam os homens em prateleiras. Explico: eles acham-lhes piada (numa escala que se estende do achar a miúda engraçadita até à obsessão doentia pela criatura), mas elas não estão para aí viradas (numa escala que se estende do ter namorado ou companhia que tal até ao “sou demasiado erudita e especial para ter tempo para homens”); Eles fazem investidas, o melhor que sabem e podem, e elas fazem-se desinteressadas, pouco impressionadas, mostram-se pouco disponíveis, mas sem nunca fechar a porta. Deixam sempre uma gretinha de possibilidade aberta, noutro tempo, noutro espaço. Empertigadas, apregoam aos sete ventos que o tipo é um chato, que não as deixa em paz, que passa a vida a fazer insinuações; mas elas vão piscando um olho à oportunidade e até aceitam os convites. Hoje um cinema, para a semana um concerto, noutro dia um passeio perto do mar. Não os querem todos os dias, não os querem de todo, mas recorrem a estes tristes voluntários quando precisam duma boleia para o shopping, quando lhes apetece ir ver aquele filme e lhes falta a companhia, quando os sacos do supermercado são pesados demais, quando faz falta que alguém resolva aquele problema nos canos lá de casa. Pior, recorrem a estes tristes voluntários quando o ego está em baixo, quando o outro de quem realmente gostam lhes deu uma tampa, ou simplesmente para se recordarem que são giras ou boas ou que lá terão qualquer coisa que faz os incautos seres movidos a testosterona suspirar por elas.

Ora para um rapaz perceber que esta miúda não está interessada o que será necessário, pergunta ela às amigas, um sinal luminoso? Não, respondo eu, basta agir de acordo com o discurso apregoado. Basta dizer não quando não se está interessada.

Não se trata de gostar e até ter uma certa vaidade em ser-se desejada ou amada ou querida - que disso todos gostamos, certo? É fazer sobrepor ao bem-estar de outra pessoa este seu craving da atenção da mesma, polimento do ego. Que tal guardar nas prateleiras uma consciência limpa, uma honestidade na gestão de sentimentos, uma transparência nos actos, em vez de rapazolas com falta de horizontes e excesso de tempo para dar, ordenados por ordem alfabética e com os joelhos pacientemente dobrados? E não o digo sem o tom reprovador: “rapazolas” sim, que se fossem Homens abriam a pestana e jamais se prestariam a tais papéis.

Mau feitio assumido, com achas de sobra para alimentar esta sempre ardente fogueira, deixo o conselho para estas minhas congéneres: deixai de ser cabras, deixai.

publicado por Ventania às 19:15
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