No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro.
De quem é a cara abatida, de olhos mortiços, que me devolve o espelho?
Porque rebentou aquela lágrima calada, que se perpetua na face e na alma? Será o degelo do coração? Escorrem-me as memórias a cada som, cada cor... E invejo a tua amnésia selectiva.
Sofremos, por opção. E choramos, e berramos, contra ventos e mares e paredes, esperneamos e reivindicamos o que é nosso por direito, assim o cremos. Acalentamos a dor com achas de memórias do futuro e culpas do passado.
P.S. Este blogue não é um diário
Durante muito tempo pensei que os alicerces da minha felicidade eram o amor e a presença de outra pessoa. Estava errada. Os alicerces da minha felicidade são a minha força e a minha personalidade.
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